Há 20 anos exatos, na última curva da prova mais antecipada da temporada, enquanto Michael Waltrip recebia a quadriculada, acompanhado na cabine de transmissão pelo irmão mais velho, Darrel, que diante do feito, assumiu a narração e não conteve a emoção, um carro preto jazia parado na grama, na parte de dentro do oval. Colado em seu painel, como conta o jornalista Ryan MGeee, havia um provérbio que fora dado ao piloto por Stevie, esposa do ex-arquirrival e agora amigo, Darrel Waltrip: “Torre forte é o nome do Senhor; para ela corre o justo, e está seguro”.
Alguns segundos antes, depois de ter empurrado Michael e seu filho Dale Jr., ambos pilotos da própria equipe, para as duas primeiras posições, Dale Earnhardt Sr. estava à frente do pelotão logo atrás, na linha do meio de um 3-wide, pronto para chegar em terceiro. Seria um dia perfeito.
Uma leve perda de controle, porém, fez com que seu carro fosse tocado na traseira da lateral esquerda por Sterlin Marlin. O carro apontou para a direita, ainda tocou em Ken Schrader, e acabou no muro de concreto, a mais de 300 km/h. Assim, em um piscar de olhos, a NASCAR perdeu o seu maior ídolo.
Muito se pode dizer sobre Dale Earnhardt Sr: Perdeu cedo o pai – um piloto de ovais curtos, não terminou a escola secundária, e conseguiu, com muita luta, um lugar no esporte que amava. Diante dos grandes da época, como Richard Petty e Cale Yarborough, o rapaz do interior, nascido em Kannapolis, na Carolina do Norte, não se intimidou; ao contrário, se mostrou um mestre do jogo psicológico, eventualmente passou a ser conhecido o Intimidador, e brilhou.
Naquele fatídico 18 de fevereiro 2001, fim de sua vida, ele era dono de 7 títulos, 76 vitórias e possuía uma fortuna estimada em meio bilhão de dólares. Sim, além de um dos melhores pilotos da história do esporte, e falo aqui em termos mundiais, Sr. era conhecido como um excelente homem de negócios.
Naquela hora, porém, para os fãs, nada disso importava. Estarrecidos, perceberam o que o amigo Schrader havia constatado ao ser o primeiro a chegar ao mítico número 3. Dale já não estava mais ali. O silêncio deu lugar ao choro contido, às lágrimas, àquela sensação de que o que tinha acabado de acontecer não era verdade.
Não, não, não. Não podia ser daquele jeito, no oval que ele mais amava, onde havia vencido 34 vezes, incluindo provas como os Duels que não valiam pontos, mas nas quais, igual, todo mundo lutava para chegar na frente. Não, não podia ser logo na prova que ele mais cobiçava, que mais amava, que tantas vezes havia chegado tão perto de conquistar, mas que havia levado apenas uma vez para casa, havia 3 anos. Era certamente a joia que mais cuidava em seu armário de recordações.
Naquele momento, para quem ficou, como dizem, morreu o homem e nasceu o mito. Dale Earnhardt Sr. sempre estará entre nós.
Confira os momentos marcantes da carreira do piloto.
Matéria incrível! Dale Earnhardt #3. A lenda da NASCAR!